Espero que o carvalho seja isso:
a cabra com o corno no toutiço,
o varrasco em repasto de bolota,
os currais com soalho em folha seca
na mudança de mantas e lençóis.
Não espero bugalhos em castelo
nem bolota no enchido do chouriço!
Espero, sim, do carvalho em novidade,
uma sombra e o fresco de uma fonte
sem sarugas no uso - propriedade,
sem borbotos na lã que me aquece.
Esperar? Todo o tempo, se eu fizer
um presépio sem burro, só reis magos
que de Herodes percebam a intenção
- o malvado com medo do Menino,
e percorram os três outro caminho,
o outro sem traçado de asinino,
que há-de ser para passar a Redenção.
A esperança que canto no Casal
com os anjos do mundo acordado,
vai num verso – poema que, afinal,
me sacode, me relança o eu tardado
pra fazer obra-prima com sinal
de outra vida – metáfora de um fado
que, aqui, me anuncie a construir
dando as mãos ao Menino do Natal.