Perguntei agora ao sol
que se acende no farol
se inda há água no mar.
Disse: «Sim! Mas, ... atenção!
Se tardar a decisão,
a secura vai matar.»
Perguntei agora ao vento
que sacode o pensamento
se no mar havia sal.
Disse: «Sim! Neste momento,
só não tem cento por cento
porque falta Portugal».
Perguntei à praia-areia
onde a vaga se recreia
se não guarda na memória
os receios do Restelo.
Disse: «Sim! Mas, ... um tal zelo
foi vencido pela história.»
Perguntei agora ao Povo,
entre o velho e o mundo novo,
se, nas naus que fez ao mar,
algum dia faltou braço.
«Não! Na mão sempre houve espaço
pra ser onda a empurrar!»
Nesta noite de Natal
sobre a noite - Portugal,
o Jesus sempre nos diz:
Não há paz, falta o amor;
não há pão, a fome é dor, ...
Sou Menino infeliz!