Dezembro vinte e quatro, ...
Dezembro vinte e seis, ...
espaço e tempo a correr no rio
entre os pilares e o peso
da ponte das mentiras consumidas,
arcos abatidos em fogo-preso:
estrelas-bobos-magos-reis.
Entre vinte e quatro e vinte e seis,
a ponte é de natal pronta a vestir:
meninos de Jesus esfomeados,
guerreiros sem tréguas, contratados,
políticas metralhas em nome da liberdade,
mãos-cheias de crime sem vergonha,
hotéis de estrelas - bancos de jardim,
boas-festas com perfume de cidade,
obras da noite – aleluias de sangue,
crimes na mesa dos senhores do bom fim,...
mote branco num salmo penitencial
com vésperas e oitava longe do Natal.
Dezembro, vinte e cinco de cada ano ...
e a vida continua – sorte desigual:
promessas velhas – negaças de Natal,
mentiras bentas - verbo profano,
missa do galo sem missa nem comunhão,
sem o Deus Menino do Amor, da Paz, do Pão.
Sempre assim? Se eu quiser, ... não e não!